Produtos da cesta básica seguem em alta no Litoral Norte

Os preços dos alimentos da cesta básica continuam em alta no Litoral Norte. O levantamento é realizado pelo Centro Universitário Módulo e a Faculdade de São Sebastião – FASS, duas instituições do Grupo Cruzeiro do Sul Educacional, desde janeiro de 2018, nos quatro municípios do Litoral Norte do Estado de São Paulo: Caraguatatuba, Ilhabela, São Sebastião e Ubatuba. A pesquisa utiliza metodologia similar à aplicada pelo DIEESE – Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos – em São Paulo para verificar os preços e as variações de 13 produtos básicos de alimentação.

O objetivo da pesquisa é identificar a variação dos preços dos produtos que compõe a Cesta Básica Alimentar nos municípios do Litoral Norte do estado de São Paulo. A coleta de preços é feita mensalmente em 12 supermercados, 3 em cada um dos municípios.

O preço da cesta básica aumentou no mês de outubro no Litoral Norte/SP em todos os municípios. O levantamento indica a variação nos preços da cesta básica nos quatro municípios no mês de outubro, em relação ao mês de setembro. Entre os municípios as variações foram: Caraguatatuba (+ 3,47%), Ilhabela (3,17%), São Sebastião (+ 3,00%) e Ubatuba (+ 2,14%). A média do preço da cesta nos municípios aumentou de R$ 619,01 em setembro, para R$ 637,22 em outubro, alta de + 2,94%. Esse resultado de alta segue a tendência de outras localidades. Por exemplo, em São Paulo, a cesta com os mesmos itens na pesquisa feita pelo DIEESE, apresentou + 3,02% de aumento em outubro.

O preço da cesta básica mais elevado foi registrado em São Sebastião R$ 653,76 e o menor preço em Ubatuba R$ 626,63. A diferença entre a cidade que tem a cesta básica mais cara (São Sebastião) em relação a mais barata (Ubatuba) foi de 4,33%.

Em outubro, 8 dos 13 produtos que compõe a cesta apresentaram alta nos preços e 5 apresentaram recuo na comparação com o mês de setembro. Os produtos que apresentaram maiores altas no mês de outubro foram: batata (+ 44,43%), tomate (+11,27%), café (+ 7,28%) e açúcar (+4,47%). Enquanto os produtos que apresentaram maiores reduções foram: leite (- 2,06%) e carne bovina (- 0,80%).

O aumento no preço da batata é consequência de dois fatores. O primeiro fator foi o excesso de chuvas que causou dificuldade na colheita com a consequente redução da oferta. O segundo foi o aumento nos custos de produção em razão da elevação nos preços dos combustíveis e dos insumos utilizados na produção, como adubos/fertilizantes.
As causas no aumento no preço do tomate são as mesmas do caso da batata, adicionando que a chuvas retardaram o amadurecimento dos frutos, o que provou a redução da oferta, além de maiores dificuldades no enfrentamento das pragas.

O café tem apresentado uma tendência de alta, identificada nos meses anteriores. A elevação no preço do produto é consequência da redução da produção com a seca intensa em 2021 e as geadas do início de agosto, o que reduziu o estoque e a oferta do produto, tanto no mercado doméstico quanto no global. O açúcar também figura entre os produtos com maior preço nos últimos seis meses, o que é uma consequência da maior elevação dos preços internacionais do produto e da queda da produção de cana-de-açúcar no Brasil, reflexo da seca mais intensa em 2021. Além disso, a alta no preço do etanol pode ter provocado a maior destinação da cana para produção de combustíveis, reduzindo ainda mais a oferta para a produção de açúcar.

A redução no preço do leite é consequência do aumento da oferta disponível no mercado com a melhora na qualidade das pastagens por conta da volta das chuvas mais constantes e clima mais quente. A melhora qualidade das pastagens reduz os custos de produção (menor consumo de ração) e aumenta a oferta de leite. A redução, ainda que com variação baixa, no preço da carne bovina é consequência da suspensão temporária das exportações de carne para a China. As exportações brasileiras de carne bovina (fresca, refrigerada ou congelada) alcançaram 82,2 mil toneladas em outubro de 2021, queda de 49,5% ante igual período do ano passado, segundo dados preliminares da Secretaria de Comércio Exterior (Secex). No entanto, o preço do produto ainda continua muito alto no mercado
brasileiro.

Pode ser verificado que a variação nos preços do tomate e batata é de grande amplitude (ou seja, são os produtos que apresentaram maiores variações tanto positiva quanto negativa) em função da sazonalidade e questões climáticas. O preço do café é do açúcar apresentou alta constante nos últimos meses (alta em função de uma questão mais estrutural, com um ciclo mais longo de variação resultante da redução da oferta do produto). O arroz que foi o grande vilão da cesta em 2020, nesses últimos 6 meses tem apresentado reduções constantes, exceto no mês de
outubro, consequência da normalização da oferta no mercado interno.

A variação nos preços dos produtos da cesta básica nos últimos 12 meses exclui fatores sazonais como a alta e a baixa temporada, características dos municípios litorâneos ou variações decorrentes dos períodos do ano como safra e entressafra, típicas dos produtos agropecuários. A comparação anual, aponta o aumento de preços da cesta básica no mês de outubro de 2021 em comparação a outubro de 2020. O preço da cesta básica aumentou nos quatro municípios do Litoral Norte, em Caraguatatuba (+ 16,46%), Ilhabela (+ 16,15%), São Sebastião (+ 18,98%) e Ubatuba (+ 17,89%).

Nos últimos 12 meses os preços da cesta apresentaram variação de + 17,87%, muito superior em relação a prévia da inflação nacional que é o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15), cuja variação nos últimos 12 meses (de setembro 2020 a setembro de 2021) foi de 10,34%. Na comparação com a pesquisa da Cesta básica feita pelo DIEESE na capital paulista a variação foi de 16,43%, muito próximo da variação identificada no Litoral Norte.

O aumento nos preços dos alimentos básicos é muito preocupante, pois atinge mais diretamente a população com menor renda, que gasta proporcionalmente mais recursos na aquisição desses bens. A inflação dos pobres é maior que a inflação média, considerando a redução do poder de compra daqueles que ganham menos. Por exemplo, quem ganha salário mínimo teve reajuste de 5,25%, enquanto o custo da cesta básica teve elevação de 17,87%. A Tabela 4 aponta o preço médio e a variação dos 13 produtos que compõe a cesta básica alimentar nos últimos 12 meses. Nesse período todos os itens apresentaram alta e as maiores variações foram do açúcar (61,66%), café (+ 49.70%) e tomate (+ 30,29%).

O preço da cesta alimentar sai de R$ 540,63 em outubro para R$ 637,22 em outubro de 2021. Esse é um fator preocupante, pois a tendência é de novos aumentos com a chegada do verão e a maior circulação de turistas nos municípios do Litoral Norte. A redução nos indicadores de mortes e contaminação com a Covid-19 deve estimular o turismo e com isso o aumento da demanda e dos preços.

 

Redação

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