Corpo de Baile de Caraguatatuba participa da Jornada Paulista de Dança; na quinta-feira, 10/07, grupo apresenta Memórias de um Contorno

Os grupos e companhias participantes viverão uma semana de atividades, a partir de 7 de julho, que culminarão em apresentações abertas ao público na Sala CCR das Artes

Com início no dia 7 de julho, a Jornada Paulista de Dança traz dez propostas artísticas para uma residência de criação e compartilhamento de conhecimento na São Paulo Escola de Dança (SPED), instituição da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo, com gestão da Associação Pró-Dança. As atividades serão desenvolvidas no período, pelos grupos selecionados. Entre eles está o Corpo de Baile de Caraguatatuba, que também apresentará o espetáculo Memórias de um Contorno. A coordenação da Jornada Paulista de Dança é de Jussara Muller e a direção artística e educacional de Inês Bogéa.
Fundado em 2001, o Corpo de Baile de Caraguatatuba viveu uma longa e frutífera fase sob a direção de Cristina Neves (2004–2023) e hoje se reinventa em um modelo de gestão compartilhada entre intérpretes-criadores e a ensaiadora, valorizando a inteligência coletiva e a criação colaborativa. Recebeu reconhecimentos como o Prêmio Governador do Estado de São Paulo 2017, na categoria “voto popular”, uma das mais altas distinções culturais do estado. Mais do que nos palcos, o grupo reafirma sua missão levando a dança a espaços não convencionais, como casas de acolhimento para idosos, crianças e adolescentes, comunidades e escolas. Por meio de projetos contemplados pelo ProAC e outras iniciativas, o Corpo de Baile segue criando, dialogando e provocando — com um olhar atento à transformação social e ao poder da dança como linguagem viva e necessária.
A Jornada Paulista de Dança terá espetáculos abertos ao público nos dias 10, 11 e 12 de julho, na Estação CCR das Artes, localizada no Complexo Júlio Prestes. Será o momento de mostrar o resultado dos ensaios realizados em conjunto com artistas mediadores. Para assistir aos espetáculos, basta chegar uma hora antes das apresentações para garantir o ingresso. O Corpo de Baile de Caraguatatuba apresentará na quinta-feira, 10/07, o espetáculo Memórias de um Contorno.
A partir de observações fotográficas sobre a construção da Rodovia dos Tamoios e da Estrada do Contorno e de diálogos sobre como uma obra pode impactar a vida das pessoas, o balé desenvolveu sua pesquisa para dar vida a Memórias de um Contorno. A pergunta feita foi: como as transformações externas afetam o comportamento individual e coletivo das pessoas no entorno? Memórias de um Contorno retrata uma transformação de um espaço urbano, como isso afetou o ambiente e os seres que viviam ali. Mas também é sobre como uma transformação urbana pode transformar os seres humanos, estando eles conscientes disso ou não.
“Estou muito feliz com a participação na segunda edição da Jornada Paulista de Dança, programa de suma importância, que amplia nosso olhar sobre o cenário artístico e cultural. Momentos como esse são valiosos, pois nos permitem trocar com outros grupos, assistir a apresentações inspiradoras e enriquecer o repertório da companhia”, ressalta Elisa Venâncio, ensaiadora e bailarina/intérprete criadora.
Foram selecionados dez grupos e companhias de dança do Estado de São Paulo para essa vivência artística na SPED, que receberão uma bolsa de R$ 10 mil e auxílios de estadia e transporte conforme a distância da capital. Os participantes compartilharão processos criativos, aulas e mesas redondas na sede da São Paulo Escola de Dança em uma intensa programação. Os selecionados são: Cia. Avant Scène, de Sorocaba; Cia. Socleson Dantas, de Jundiaí; Cia. Experimental Raça, de São Paulo; Cia. de Dança de São José dos Campos; Corpo de Baile de Caraguatatuba; Independente Grupo de Dança Claudia Pereira, de Campinas; Núcleo Estopim, de São Paulo; Núcleo Experimental de Dança Teatro, de São José dos Campos; Ogawa Butoh Center, de São Simão; e Reflexa Coletiva, de Osasco.
O que é a Jornada Paulista de Dança?
A Jornada Paulista de Dança é uma iniciativa do Governo do Estado de São Paulo que celebra a diversidade e riqueza artística da cena paulista. O projeto nasce do desejo de criar um espaço de encontro e troca entre os artistas e entusiastas da dança, fortalecendo a comunidade artística e promovendo um aprendizado conjunto.
Em sua segunda edição, a Jornada tem como sede permanente a São Paulo Escola de Dança, recebendo grupos de todo o estado para uma semana de atividades intensas com oficinas, mesas de conversas, apresentações e processos criativos, explorando um leque variado de estilos e tradições da dança.
Os grupos foram selecionados por meio de edital, por uma banca composta por pessoas referenciadas no meio da dança, em processo transparente totalmente divulgado no site da SPED e nas redes sociais.
“Esta jornada é uma celebração da arte da linguagem artística como meio de expressão pessoal e ferramenta de transformação social. As atividades programadas, abertas ao público de quinta a sábado, são uma oportunidade para a democratização da dança. Todos os eventos e atividades são 100% gratuitos, reafirmando nosso compromisso com o acesso à cultura e à educação”, ressalta Inês Bogéa, diretora artística e educacional da São Paulo Escola de Dança.
Programação dos espetáculos
10/07 – Quinta-feira, das 19h às 20h30
Cenas Etéreas” – Cia. Experimental Raça
O trabalho parte da coexistência de várias histórias e sensações que habitam a mesma mente, criando um cenário atípico, onde as memórias da infância se misturam com a trama e agitação do amadurecer, que pode ser relacionado à falta de algo e/ou alguém, transformando assim – de uma forma poética – essas movimentações em recordações e tentativas de cura. Digamos que, ao mesmo tempo que tentamos organizar nossa casa e colocamos em pé uma cadeira, acabamos derrubando algo pelo caminho como movimento de troca, criando assim dentro de nós uma dança poeticamente caótica que remete quase a um divertimento infantil.
Cria” – Independente Grupo de Dança Claudia Pereira
Por meio do movimento, a obra propõe uma jornada visceral e sensorial, retratando a trajetória evolutiva da vida e a transformação dos organismos, desde os primeiros seres até as formas mais complexas. “Cria” questiona o que significa estar respirando e o papel da evolução na construção do corpo e da identidade, buscando refletir sobre o quão importante é a nossa história, de como tudo o que foi feito, criado e deixado contribui para o que temos e somos hoje.
Memórias de um Contorno – Corpo de Baile de Caraguatatuba
A partir de observações fotográficas sobre a construção da Rodovia dos Tamoios e da Estrada do Contorno e de diálogos sobre como uma obra pode impactar a vida das pessoas, o balé desenvolveu sua pesquisa. A pergunta feita foi: Como as transformações externas afetam o comportamento individual e coletivo das pessoas no entorno? Memórias de um Contorno retrata uma transformação de um espaço urbano, como isso afetou o ambiente e os seres que viviam ali. Mas também é sobre como uma transformação urbana pode transformar os seres humanos, estando nós conscientes disso ou não.
11/07 – Sexta-feira, das 19h às 20h30
Contradição de Ser Afeto – Núcleo Estopim
Em “Contradição de Ser Afeto”, os intérpretes mergulham nas complexidades da experiência de homens cis, pretos e periféricos, revelando a dualidade entre a opressão vivida e a violência que, muitas vezes, reproduzimos. Em um contexto marcado por agressões, abusos e pressões emocionais que nos cercam, surgem questões cruciais: como lidamos com essa carga? Quem se importa com nosso bem-estar e o das crianças em nossas comunidades? Através deste trabalho cênico, os artistas exploram a ambiguidade de corpos que, embora endurecidos pela dor, anseiam por acolhimento.
Dançam as Palavras – Núcleo Experimental de Dança Teatro de São José dos Campos – NEXDT SJC (música ao vivo)
Dançam as Palavras é um diálogo entre a música, a poesia, a dança, o teatro e a performance. Essa fusão artística causa estranhamento e aproximação, como no mundo contemporâneo de identidades mesclas, mestiças e híbridas. No processo criativo, nos lançamos a narrar e transcrever na carne do corpo poético dos intérpretes-criadores as palavras colecionadas – poemas – do poeta Moraes. O que nos move? Essas Palavras do Poeta, as sonoridades e músicas interpretadas pelos
músicos que reverberam nos corpos presentes, ativos e vivos dos intérpretes criadores, nutrindo-os e transformando-os, possibilitando afetar, nutrir e transformar algo, bem lá no subterrâneo em quem vê, assiste, ouve, sente e participa.
Fronteiras do Corpo” | “Samba que Habita” – Cia. Socleson Dantas (música ao vivo)
As duas obras autorais dialogam entre si ao explorarem as potências expressivas do flamenco e do samba no pé, destacando suas origens, convergências e atualizações cênicas. A primeira obra, traz à cena a força do flamenco com uso do Manton e das castanholas como extensões do corpo, elementos que acentuam a expressividade e a musicalidade da dança. A segunda obra, um solo, parte do samba no pé, linguagem nascida nos terreiros e ruas do Brasil, de raízes afro-brasileiras, que carrega em si a ancestralidade, o improviso, a festa e a luta. Ambas, apesar de origens geográficas distintas, nascem de contextos de resistência e afirmação cultural, onde o corpo é veículo de identidade e emoção coletiva.
12/07 – Sábado, das 19h às 20h30
Homage to Mr.O” (To Kazuo Ohno 1906-2010) – Ogawa Butoh Center
O espetáculo diz respeito ao universo coreográfico de Kazuo Ohno. O título é uma referência às três obras cinematográficas do Mestre falecido em 1º de junho de 2010. São elas: “The Portrait of Mr.O” (1969), “Mandala of Mr.O” (1971) e “Mr.0’s Book of the Dead” (1973), dirigidos por Chiaki Nagano. O espetáculo traz réplicas de elementos cênicos, adereços e figurinos que foram usados por Ohno em suas obras: dos espetáculos “My Mother” (1981), “The Dead Sea” (1985), “Admiring La Argentina” (1977) e outras performances. A coreografia evoca o mesmo universo, mostra a admiração do aluno pelo seu mestre e o vazio que o mesmo deixou com a
sua partida. Mas acima de tudo é uma grande declaração de amor.
Estudos para aproximar o sonho ao chão” – Reflexa Coletiva
“Estudos para aproximar o sonho ao chão” é uma criação sobre dança e em dança onde quatro dançarinas exploram suas histórias de corpo e imaginários, tanto individuais quanto coletivos. Em cena diante de improvisações previamente estruturadas, elas experimentam uma dramaturgia sem a lógica de início, meio e fim, permitindo que o sonho se torne uma realidade compartilhada. São corpos que, ao dançarem juntos, transcendem o fim iminente e cultivam novos começos, tendo um espaço-tempo coletivo em que uma parte de cada dançarina atravessa e conecta todas as outras.
UNO” – Cia. Avant Scène
Em UNO, corpos em transe exploram o conflito entre o individual e o coletivo, mergulhando nas camadas do inconsciente, onde pensamentos, culpas e julgamentos se agitam sob uma pele social. O movimento nasce da ruptura: uma face mundana é arrancada, revelando a dualidade entre a máscara pública e o eu oculto. Os intérpretes vacilam entre a máscara e o instinto, entre a dúvida humana e a certeza visceral.
Samba e Amor – Companhia de Dança de São José dos Campos
Em meio à repressão da ditadura militar, Chico Buarque escreve “Samba e Amor”. Com uma leveza, subversiva, pensa-se no direito ao descanso, à ternura e ao tempo desacelerado. Esse gesto político traduz a letra em corpo, atravessando estados de exaustão, repetição e colapso, questionando a lógica produtivista que esvazia o sensível. A trilha sonora de Ed Côrtes costura trechos da canção original a uma composição contemporânea que evoca o samba como resistência.
Jornada Paulista de Dança – Edição 2024
A primeira edição do evento aconteceu em julho de 2024 na São Paulo Escola de Dança, marcando a trajetória de diretores, coreógrafos e bailarinos. Com caráter formador e educativo, a primeira Jornada Paulista de Dança contou com workshops, vivências criativas e mesas de discussão, que abordaram assuntos como sustentabilidade na dança, comunicação e mídia para os participantes.
Um dos pontos importantes da programação foi a apresentação das performances ao público, uma oportunidade de oferecer às pessoas, na Capital, o melhor da dança contemporânea do Estado. As apresentações incluíram diversas percepções estéticas e montagens que levaram espetáculos de luz, cor e narrativas estimulantes com entrada gratuita para a população.
Um marco para o calendário paulistano durante o mês de férias, a Jornada Paulista de Dança movimenta o mercado criativo, como ressalta Inês Bogéa, diretora artística e educacional da São Paulo Escola de Dança. “A Jornada abre caminhos para reflexões sobre a dança, com diálogos e troca de vivências, é uma oportunidade ímpar na vida desses artistas, tanto que algumas companhias voltaram este ano com novos trabalhos. Neste espaço de partilha e aprendizado, vamos encher nossa cidade de arte”, completa Inês.
SERVIÇO – Apresentações: 10 a 12 de julho
Horário: 19h
Local: Estação CCR das Artes – Complexo Cultural Júlio Prestes, 16, Campos Elíseos, São Paulo/SP
Ingressos distribuídos uma hora antes dos espetáculos

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