Há 55 anos, Caraguatatuba foi palco da maior catástrofe natural ocorrida no país
Em 1967 a cidade de Caraguatatuba, no Litoral Norte de São Paulo, foi palco da maior tragédia natural ocorrida no país. No dia 18 de março de 1967, a cidade de Caraguatatuba foi atingida por uma tromba d’água, que praticamente destruiu boa parte do município, na época, com cerca de 15 mil habitantes. Foi uma tragédia, até hoje, considerada uma das maiores já ocorridas no país, que resultou em cerca de 400 mortos e centenas de pessoas desaparecidas.
A chuva insistente que caiu sobre a região por vários dias, provocou desmoronamento de parte da serra em direção até a cidade. Pedras, lama, terra e árvores desceram das encostas da serra em direção à cidade. As ruas do centro, se transformaram em rios de lama. A cidade ficou ilhada e sem qualquer comunicação. As rodovias de acesso até São José dos Campos, Ubatuba e São Sebastião ficaram vários dias interditadas. A cidade ficou sem água e sem luz por vários dias. Perderam a vida mais de 400 pessoas.
A informação que chamou a atenção das autoridades: a chuva que atingiu a cidade em dois dias( 17 e 18 de março) atingiu um índice precipitação pluviométrica de 580 milímetros. Na época, a média de precipitação pluviométrica do Brasil, o ANO INTEIRO variava de 1000 a 1200 mm. Ou seja, choveu em Caraguá, em apenas dois dias a quantidade de chuva acumulada de seis meses.
A tragédia foi considerada a pior já ocorrida no pais, até então, segundo um dos maiores especialistas mundiais em mecânica de solos e fundações: professor Artur Casagrande, que na época prestava acessória aos EUA, Índia e Suíça. Ele visitou a cidade no alguns dias depois da tromba d’água, a convite do governo do estado, acompanhado pelos engenheiros Joob Shuji Negami(DER), Darcy de Almeida(CESP) e Lincon Queiroz e Otto Kech e do geólogo Francisco Nazário. Considerados, na época, os maiores especialistas neste tipo de ocorrência natural.
Caraguatatuba ficou muitos anos esquecida. Foi difícil recomeçar. Muita gente abandonou a cidade, não acreditando que ela pudesse se reerguer. Muita gente perdeu tudo o que tinha. Muitos ficaram ricos aproveitando da desgraça dos outros(existem muitas estórias sobre mantimentos e donativos desviados, que nunca chegaram até a cidade). A força do povo caiçara foi fundamental para que a cidade aos poucos fosse se reconstruindo e se transformando no que é hoje: a maior cidade da região, com cerca de 135 mil habitantes, o centro comercial do litoral norte e, também, o centro educacional e cultural da região.
Fonte: Blog do Salim Burihan