Instituto Argonauta atende outra ocorrência de baleia morta

Na terça-feira, dia 12, a carcaça do animal havia sido avistada boiando nas proximidades Ilha Anchieta em Ubatuba/SP. Nesta quinta, dia 14, o animal foi localizado na Ponta Azeda, em Ilhabela

Conforme noticiado nesta quarta-feira (13) pelo Instituto Argonauta, duas baleias mortas foram avistadas nas proximidades da Ilha Anchieta em Ubatuba/SP na última terça-feira (12). A informação foi repassada pela equipe de monitoramento do Parque Estadual da Ilha Anchieta (PEIA). No entanto, a equipe do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS) do Instituto Argonauta localizou apenas uma das baleias na quarta-feira (13), próxima à Praia do Sul. O segundo animal, foi avistado boiando nesta quinta (14) próximo a praia da Ponta Azeda, em Ilhabela/SP, por parceiros do Projeto Baleia Jubarte e também avistado pela equipe de campo do Instituto Argonauta. Ele também foi rebocado e ancorado pela equipe PMP-BS do Instituto Argonauta em local de difícil acesso, para que possa se decompor naturalmente.

Essa segunda baleia encontrada, tem cerca de 10 metros de comprimento, um pouco menor do que a primeira que foi ancorada na quarta-feira, que tinha 12 metros. A bióloga Carla Beatriz Barbosa, coordenadora do PMP-BS no Trecho 10, explica que no caso dos dois animais encontrados, não é possível confirmar a identificação da espécie em razão do estágio avançado de decomposição. Entretanto, ela indica que pode ser uma Baleia-de-Bryde (Balaenoptera SP), uma espécie que permanece nos trópicos e não migra para a Antártida, sendo comum sua ocorrência em nossa região. Assim como na primeira ocorrência, foram coletados materiais biológicos, como pele e músculos, para confirmação da espécie.

Sobre a causa da morte, o biólogo do Instituto Argonauta Manuel da Cruz Albaladejo, afirma que para os dois casos é difícil concluir. “Com a coleta dos materiais biológicos serão realizados exames para a identificação da espécie, mas a causa da morte é muito difícil determinar, principalmente devido ao estado de decomposição da baleia. Aparentemente não vimos nenhum indicativo que ela tenha tido algum contato com rede de pesca”, aponta.

oceanógrafo, Hugo Gallo Neto, presidente do Instituto Argonauta comenta que esse procedimento de fundear e ancorar a baleia, desenvolvido pela equipe – que consiste em amarrar uma âncora presa na cauda do cetáceo, – é o melhor método a ser realizado para que o animal se decomponha naturalmente com o tempo no ambiente marinho e, segundo ele, é importante que seja realizado com antecipação, pelos riscos e prejuízos que um animal desse no lugar errado pode causar. “Elas podem ser um grande problema quando vão parar em uma praia, além de apresentarem um risco à navegação – possibilidade de colisão de embarcações a noite, porque não são detectadas no radar, – podem trazer problemas à saúde humana com o risco de doenças em uma praia movimentada, populosa e habitada, prejuízo ao turismo e comércio local, principalmente nesta época do ano onde é grande o fluxo de pessoas no litoral no mês de dezembro e durante todo o verão, problemas relacionados à poluição, e ainda existe o problema econômico e de logística para as prefeituras – porque a logística envolvida para um enterro de uma baleia é sempre cara, envolvendo máquinas, pessoas e equipamentos. Quando ela encalha na praia não tem outro jeito a não ser enterrá-la em terra que, segundo a nossa experiência, esse procedimento não é prejudicial ao turismo, e nem todas as outras questões mencionadas anteriormente”, esclarece o oceanógrafo.

O presidente do Instituto Argonauta menciona ainda uma questão oceanográfica que pode estar envolvida no aparecimento desses animais na costa. “Normalmente no verão há predominância do vento leste. Então no caso de qualquer animal estar mais longe da costa nessas condições, a tendência é que uma carcaça que esteja flutuando no mar como uma boia ou balão – porque elas acumulam gases e gordura, – venham aparecer nas praias, principalmente se coincidir com o vento leste”, conclui. 

Baleia-de-Bryde

A Baleia-de-Bryde é uma espécie que vive entre a região costeira e oceânica, com ocorrência durante o ano todo, e se alimenta de peixes e de pequenos crustáceos. No verão, ela se aproxima um pouco mais da costa em razão da presença de cardumes. Na região sudeste são bem comuns, e podem chegar até 16,5 metros de comprimento.

De acordo com a Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas (em inglês, IUCN Red List ou Red Data List), a Baleia-de-Bryde está classificado no grupo “menor preocupação”. No entanto, a espécie sofre com os impactos da interação antrópica, a exemplo de outros animais marinhos, causados pela pesca, os efeitos das mudanças climáticas e alterações no ambiente marinho. 

 

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