Caso do pinguim que engoliu uma máscara gera repercussão internacional e reacende discussão sobre impactos do lixo nos animais marinhos

o caso do Pinguim-de-Magalhães (Spheniscus magellanicus) que engoliu uma máscara de proteção facial percorreu diversos países e gerou uma comoção mundial. Diversos veículos de comunicação de diferentes países, como Estônia, Austrália, Suíça, Itália, Inglaterra, Portugal, EUA, Honduras, Nicarágua, Caribe, Espanha, Argentina, México, El Salvador, Porto Rico, Costa Rica, Colômbia, Chile, Peru, Venezuela, Panamá, República Dominicana, Paraguai, Brasil, dentre outros, repercutiram a morte da ave marinha, cuja necropsia realizada pela equipe do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS) do Instituto Argonauta (www.institutoargonauta.org) revelou uma máscara n95 embrulhada em seu estômago.

O Pinguim-de-Magalhães foi encontrado morto na Praia de Juquehy, em São Sebastião/SP, dois dias após o feriado de 7 de setembro. O feriado prolongado atraiu uma grande quantidade de pessoas ao LN e, infelizmente, houve registro de acúmulo de lixo em diversas praias nesse curto período.

Presidente do Instituto Argonauta, o oceanógrafo Hugo Gallo Neto relembra de casos emblemáticos que passaram tanto pelo Instituto Argonauta como também no Aquário de Ubatuba (pertencente ao mesmo grupo) e atenta para a preocupação do impacto do lixo humano nos animais marinhos. “Temos nos deparado ao longo desses 23 anos que trabalhamos com o problema do lixo no mar com situações bastante drásticas. Essa do pinguim é mais um dos registros dramáticos que infelizmente temos feito ao longo dessa trajetória”, comentou.

O Aquário de Ubatuba, por exemplo, tem em um de seus aquários um peixe-espada que foi encontrado morto por inanição, com o bico enroscado em um carretel de linha de pesca e atendeu em 2010 um Pinguim-de-Magalhães que foi encontrado sem vida com o corpo todo enrolado em um ramalhete de flor. No ano de 2017, há registro de uma tartaruga localizada morta em uma praia de Caraguatatuba com uma enorme quantidade de bexigas plásticas e outros resíduos sólidos de plástico em seu estômago e, um golfinho que apareceu morto, boiando na praia, com uma tira de chinelo de borracha presa no seu focinho. Sem contar os inúmeros registros de resíduos que são encontrados no trato gastrointestinal dos animais.

Mensalmente, o Instituto Argonauta publica em parceria com o Aquário de Ubatuba o Boletim do Lixo, cujo objetivo é o de informar sobre a situação das praias do litoral Norte de São Paulo com relação à presença de lixo. O Boletim do Lixo integra o Projeto Lixo Marinho.

O Aquário de Ubatuba e o Projeto Tamar foram as primeiras instituições no país a trabalharem com educação ambiental focada no problema do lixo marinho. As duas instituições, desde 1997, realizam uma campanha permanente contra o lixo no mar e foram pioneiras nas ações do Clean Up Day no Brasil, que neste ano ocorreu no último sábado, dia 19.

Entre os resíduos que são mais coletados nas praias – aproveitando os esforços de monitoramento da fauna marinha – estão o plástico (70%), vidro (6%), metal (5%), papel/papelão (3%) e outros (16%). Dos plásticos, os mais comuns são embalagens, garrafas, copos descartáveis, canudos, tampas de garrafas, sacolas plásticas, bitucas e maços de cigarro, entre outros resíduos que podem ser observados no gráfico abaixo:

Desde o início do PMP-BS, no período de setembro de 2015 a 6 de agosto de 2020, foram necropsiados 5.056 animais marinhos, sendo que do total 756 tiveram interação com lixo e 596 eram tartarugas. Ou seja, dos animais que foram necropsiados, 15% apresentaram interação com lixo, sendo que aproximadamente 80% eram tartarugas.

Além do grande impacto que o plástico pode causar aos animais marinhos, o plástico tem produtos químicos que contaminam a água e o solo.

Sobre o Instituto Argonauta

O @institutoargonauta foi fundado em 1998 pela Diretoria do Aquário de Ubatuba e reconhecido em 2007 como OSCIP (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público). O Instituto tem como objetivo a conservação do Meio Ambiente, em especial a conservação dos ecossistemas costeiros e marinhos. Para isso, apoia e desenvolve projetos de pesquisa, resgate e reabilitação da fauna marinha, educação ambiental e resíduos sólidos no ambiente marinho, dentre outras atividades.

 Sobre o PMP-BS

O Instituto Argonauta também é uma das instituições executoras do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS), atividade desenvolvida para o atendimento de condicionante do licenciamento ambiental federal das atividades da Petrobras de produção e escoamento de petróleo e gás natural na Bacia de Santos, conduzido pelo Ibama.

Esse projeto tem como objetivo avaliar os possíveis impactos das atividades de produção e escoamento de petróleo sobre as aves, tartarugas e mamíferos marinhos, por meio do monitoramento das praias e do atendimento veterinário aos animais vivos e necropsia dos animais encontrados mortos.

O projeto é realizado desde Laguna/SC até Saquarema/RJ, sendo dividido em 15 trechos. O Instituto Argonauta monitora o Trecho 10, compreendido entre São Sebastião e Ubatuba.

Para maiores informações consulte: www.comunicabaciadesantos.com.br

 

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